O estado do Paraná tem 399 municípios, dos quais 275 já descobriram as vantagens das águas subterrâneas: mais saudáveis, mais puras e mais baratas. Cinco aqüíferos diferentes abastecem o estado. Historicamente, as águas minerais da região eram consumidas pelos índios guaranis há séculos. Depois, chegaram os desbravadores, com o desmatamento indiscriminado, pondo em risco as fontes naturais. Hoje, a grande preocupação é recuperar e preservar as matas para proteger não só os rios, mas principalmente a água que vem do fundo da terra.
Em áreas de muita vegetação, brotam as minas que alimentam a indústria. Pontos borbulhantes na areia muito clara indicam que não há apenas uma, mas várias fontes de água mineral. E elas contêm cálcio e magnésio, fundamentais para crianças e idosos.
A indústria do café também usa o aqüífero. Além de pura, a água já vem quente. Economia no consumo de energia. A indústria tira água a uma profundidade de quase mil metros. E tanto a utiliza na extração do café como nas caldeiras. Mas a quem pertence, afinal, a água do aqüífero?
Diante da escassez que ameaça o mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs que o Aqüífero Guarani fosse transformado em Patrimônio da Humanidade e que suas águas fossem consideradas reserva estratégica, intocada, para que no futuro fosse usada por toda a população do planeta. Por enquanto, é apenas uma proposta.
Hoje, os quatro países do Mercosul que estão sobre o gigantesco reservatório formam uma grande potência.
“Esses países têm que se unir para defender esse patrimônio, porque o futuro está na água. Os países que têm abundância em água vão dominar o mercado porque vão produzir alimentos e poderão vender a água envasada. Isso depende da determinação do governo destes quatro países na defesa do Aqüífero Guarani”, comenta a bióloga Nádia Boscardin.
A bióloga e os pesquisadores José Roberto Borghetti e Ernani da Rosa filho são os autores do mais completo estudo já feito sobre o aqüífero, que concluiu: o Guarani é instrumento precioso para o crescimento do Brasil.
"O mais importante é saber quais os critérios vão ser utilizados para que possamos utilizar o aqüífero de forma racional, visando tanto o desenvolvimento que o país precisa como a preservação ambiental, para que as futuras gerações possam usufruir constantemente deste benefício”, diz José Roberto.
Água subterrânea é uma riqueza que pode gerar outras riquezas. Mas os cientistas alertam: este bem renovável, vital para o ser humano, não é infinito. Só o uso racional, cercado de cuidados ao meio ambiente, pode garantir vida longa às nossas reservas de água. |